CARIDADE PARA SI MESMO

21 de Julho de 2019

Ano 13 - Artigo 18 - Número Sequencial 719 - 05 Maio 2019

Saudações, estimado Irmão!
CARIDADE PARA SI MESMO

Da mesma forma como a tradição cristã vincula caridade à filantropia, nós entendemos a Virtude Teologal da caridade como a assistência que devemos ao outro.
No exercício constante desta disposição da alma, que nos induz à prática do bem, cabe o alerta de não transformá-lo em mero assistencialismo.
O título de “CONSTRUTOR SOCIAL” deve superar o de “BOM SAMARITANO”. Os casos pontuais de assistência de urgência e emergência, como desastres e catástrofes, são necessários e louváveis, mas não podem substituir a missão dos Irmãos e das Lojas de trabalharmos além, ou seja, extinguir no necessitado a sua própria condição de necessitado. Este é o “CONSTRUTOR SOCIAL”.
O primeiro passo para que esta transformação de perspectiva da caridade se realize é compreender que caridade, vai além da relação de um Maçom para com o outro. A caridade parte do Maçom para consigo mesmo. Boa parte de nós temos um legado Cristão, onde a expressão máxima da caridade está em “amar o próximo com a si mesmo” (AT: Levítico 19:18 / NT: Mateus 22:39).
Amar a si mesmo, não significa, necessariamente, egoísmo ou soberba. O amor possui vários significados racionais, sentimentais e emocionais. Mas, o mais profundo é o RESPEITO.
Quem mantém uma relação amorosa, sabe da importância do afeto, do carinho, da presença, mas reconhece que faltando o respeito, não há relação que se mantenha. Da mesma forma isso acontece de nós para nós mesmos.
Se o Maçom não se amar, no sentido de se respeitar, não deixar de mentir para si mesmo e não se afastar das histórias inventadas para não se desnudar, não deixar de defender apenas o seu ponto de vista, e não reconhecer o outro, jamais vai conseguir amar o seu próximo.
É preciso procurar e reconhecer onde estão NOSSAS carências e necessidades. E não amenizar os seus efeitos em rodas sociais festivas, etílicas ou calorosas discussões políticas partidárias, adentrar em uma clausura intelectual ou, o pior, esquecer que o caminho a dois é sempre mais curto e que o coletivo supera o individual.
Como no Cristianismo, a caridade é amor potencializado pelo respeito e compreendido pelo Maçom também como Amor-Próprio. 
Sugiro a leitura da Primeira Carta aos Coríntios, capítulo 13, versículos de 1 a 3, com atenção ao contexto do ”não sou nada” e finaliza com “nada me aproveita”.
Neste viés em que a Criatura (homem) deve se bem formar (se lavrar) para alcançar o Criador (Deus), passemos pelo entendimento de caridade pelo Budismo.
A generosidade e compaixão são práticas budistas necessárias na vida sensorial no caminho da iluminação. Há três tipos de generosidade: material, de conhecimento e a que retirar dos seres o estado de medo. O amor é a motivação, que nos faz querer que os seres humanos sejam felizes. A compaixão é a mola motriz a motivar o abrandamento do sofrimento.
Será possível entendermos, maçonicamente, como tornar feliz a humanidade pelo amor e aperfeiçoamento dos costumes, combatendo a tirania, a ignorância e os erros?
O ensinamento nos apresentado pelo Irmão Allan Kardec, no “Livro dos Espíritos”, questão 886, levanta: Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus?
A.K.: “O amor e a caridade são o complemento da lei de justiça. pois amar o próximo é fazer-lhe todo o bem que nos seja possível e que desejáramos nos fosse feito. Tal o sentido destas palavras de Jesus: Amai-vos uns aos outros como irmãos. A caridade, segundo Jesus, não se restringe à esmola, abrange todas as relações em que nos achamos com os nossos semelhantes, sejam eles nossos inferiores, nossos iguais, ou nossos superiores. Ela nos prescreve a indulgência, porque da indulgência precisamos nós mesmos, e nos proíbe que humilhemos os desafortunados, contrariamente ao que se costuma fazer.”
A BOA EDIFICAÇÃO SE FAZ PELO BOM EDIFICADOR. SOMENTE FORTALECIDO PELOS VALORES DE AMOR AO OUTRO E RESPEITO A SI PRÓPRIO, A OBRA DO CARIDOSO SE ERGUERÁ COMO UM TEMPLO À VIRTUDE.
.
Fraternalmente
Sérgio Quirino
Grande Primeiro Vigilante
GLMMG

← Voltar para artigos