Ano 13 - Artigo 20 - Número Sequencial 721 - 19 Maio 2019
Saudações, estimado Irmão!
OS GRILHÕES NA MAÇONARIA
Dá-se o nome genérico de grilhões às estruturas usadas para reduzir o movimento ou possibilidade de fuga de um prisioneiro. Existem diversas formas de grilhões. A mais conhecida atualmente é a algema. Mas, em outras épocas, as estruturas eram de uma brutalidade maior.
Devido a esta brutalidade, os grilhões se tornaram símbolos de opressão e violência. Quando abertos ou com as correntes rompidas, eles nos remetem à luta e à liberdade. Neste ponto observamos que um mesmo elemento pode ser usado em alegorias que nos remetem ao vício ou à virtude.
Não sendo os Maçons, anjos ou deuses, é natural, então, que todos nós tenhamos “grilhões”, que restringem nossos movimentos, que nos mantém em um lugar e um tempo, que podem impedir nossa evolução nos planos da moral, da ética, do espiritual e até do material.
Como ilustração simbólica desses grilhões, peço ao Irmão para visualizar aquela bola de ferro, com uma corrente atada ao tornozelo.
Sem a intenção de ser simplista, o que ocorre, de fato, é que todos nós arrastamos uma bola de ferro durante nossa vida. O pior ou, talvez, o melhor, é que há uma simbiose quase orgânica entre a esfera e nós mesmos. A esfera pode aumentar ou diminuir seu peso, conforme vivemos.
Certamente, o Irmão vinculou o grilhão ao vício. Pois, tudo o que avilta o homem e o torna desgraçado perante si mesmo e à sociedade, o coloca na condição de encarceramento moral.
Mas, nossos rituais prescrevem que nós maçons devemos construir masmorras ao vicio. Assim, não há de se pensar em “carregá-lo” consigo. Então responda: - E se a masmorra não estiver pronta?
Os abnegados Mestres da “Escola Maçônica Mestre Antonio Augusto Alves D’Almeida”, jurisdicionada a GLMMG, me ensinaram que as masmorras construídas para o vício não tem portas; existem apenas os vãos, e que nossa vigilância é que os mantém ou não lá dentro.
A vida como habitualmente vivemos, com tanta falta de comedimento e temperança, banhada em vaidades e orgulho, alimentada por discórdias e descrenças, nos torna um cativo no plano material. Esta vida nos é disposta no seio de um espírito que aspira à evolução.
Inevitavelmente, a vida é assim. Devemos, então, nos tornar conscientes de que não entramos para a Maçonaria simplesmente para ter o direito de usar os três pontinhos após a assinatura.
POIS, SOMOS ESCRAVOS DOS VÍCIOS
QUE ARRASTAMOS PELAS NOSSAS VIDAS!
Ainda nesta alegoria, ressalto que o grilhão deve estar na perna direita, pois o primeiro movimento da marcha da vida é feito com o pé esquerdo. Sua sequência é realizada com a força necessária para se firmar nele, o pé direito. Aí se encontra a dificuldade.
O movimento do pé esquerdo é nosso desejo. Ele nos impulsiona, seja pela razão (é preciso fazer) ou pelo amor (é bom fazer). Mas, qualquer movimento em nossa vida, se não houver um apoio para seguir em frente, será apenas um ponto, uma parada, uma contemplação, um mero desejo, se não, um delírio.
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Fraternalmente
Sérgio Quirino
Grande Primeiro Vigilante
GLMMG