A Amizade como Virtude.

21 de Julho de 2019

Ano 13 - Artigo 29 - Número Sequencial 730 -

21 Julho 2019


Saudações, estimado Irmão!

A AMIZADE COMO VIRTUDE


O grande propósito do Maçom é se tornar um virtuoso. Todas as expressões que caracterizam o Obreiro da Arte Real são metas e proposições para a prática do bem.

A virtude nada mais é do que uma grande habilidade técnica. E esta habilidade somente se adquire por meio da prática.

Alguns conceitos e valores, por serem teóricos, podem demandar certo sacrifício para serem compreendidos e vividos. Mas, há um sentimento intrínseco a todos os seres humanos que, por sua ação, transforma a pedra bruta em pedra cúbica, exatamente para que suas arestas não "arranhem" a pedra ao lado, seja ela bruta ou cúbica.

Pode parecer estranho, mas este sentimento não é o amor. Isso porque no amor há uma pitada de egoísmo: o malfadado "só para mim". Por sua vez, a amizade é uma relação afetiva, que envolve o conhecimento mútuo, a lealdade e a prática desinteressada do altruísmo.

O próprio Livro da Lei, em João, Capítulo 15, Versículo 13, instruí "Nenhum amor pode ser maior que este, o de sacrificar a própria vida por seus amigos".

E entre os Maçons, não deve prevalecer a irmandade? 

Não. Infelizmente, este é um lamentável equívoco. A iniciação nos traz o "título" de Irmãos, mas, somente por nosso comportamento e a disposição da alma advinda da amizade, que nossos Irmãos, como tal, se reconhecem como Maçons.

No relacionamento maçônico, a retidão moral imposta pelo esquadro, junto com a amplitude da ética no movimento do compasso são balizadores de condutas que, de fato, devem nos guiar dentro e fora dos Templos, com os iniciados e profanos. Porém, é preciso desenvolver a habilidade, ou seja, SER AMIGO.

O Rei Salomão, com toda sua sabedoria, prescreveu em provérbios: "Em todo o tempo ama o amigo, e na angústia se faz o irmão". Por isto há uma passagem nos rituais que diz "antes era um amigo e depois o reconheci como Irmão", entre estas duas situações (amigo/irmão) houve um tormento, provas e caminhos tortuosos que colocaram em avaliação a capacidade de se relacionar.

O cultivo da amizade maçônica deve ser uma das metas de progressão de cada Irmão. O primeiro passo é estender a convivência para além do Templo e muito mais, para além das festividades. Atos simples como compartilhar atividades físicas aproximam e promovem mais amiúde o conhecimento do Irmão.

O melhor a fazer é se dispor a acompanhar o Irmão em outras atividades, sejam elas filantrópicas (asilos, creches), ou ligadas às Ordens Paramaçônicas (DeMolay, Filas de Jó), ou religiosas (cultos diversos) ou outras associações (Rotary, Lions, Grupos de Estudos), mesmo que, a principio, não se tenha o interesse maior sobre o assunto. 

O se predispor a estar ao lado e procurar ser um colaborador na obra do outro, abre caminhos para o mais importante ato dos relacionamentos humanos, que é o dialogo. Não o diálogo do cotidiano, mas a reciprocidade de falar e ouvir o que se precisa ouvir ou falar.
Recorrendo ainda ao Rei Salomão: "Perfume e incenso trazem alegria ao coração; do conselho sincero do homem nasce uma bela amizade" (Provérbios 27:9). Este é o grande resultado de se incorporar a virtude da amizade no Maçom. 

Todos nós precisamos conquistar e sermos conquistados pela lealdade, sinceridade e compreensão das palavras duras e dos conselhos que nos mostram nossos erros. Eles não são para ferir, mas para afiar o nosso cinzel e prosseguirmos em nosso polimento.

O FILOSOFO GREGO, ARISTÓTELES AFIRMAVA QUE A “AMIZADE (FILIA) É UM INTERCAMBIO ONDE SE APRENDE A RECEBER E A DOATR, MAS, LONGE DE SER CONCEBIDA COMO UM SISTEMA DE PAGAMENTO”. NÃO É NOBRE DESEJAR FAVORES. SOMENTE A ALMA INFELIZ PRECISA DE BENFEITORES. A AMIZADE É, ANTES DE TUDO, LIBERDADE. O ESTADO MAIS VIRTUOSO DO SER.

 

Fraternalmente
Sérgio Quirino
Grande Primeiro Vigilante
GLMMG

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