Saudações, estimado Irmão!
TRABALHO MAÇÔNICO ANALÓGICO OU DIGITAL
Antes de entrar no tema, cabe esclarecer que digital não é a mesma coisa que virtual. O sistema digital parte de uma informação real e a converte em uma linguagem própria para melhorar armazenamento, desenvolvimento, compreensão e aplicação dessa informação.
O ambiente virtual, por outro lado, se apropria de uma informação real ou criada pelo próprio sistema e cria conjecturas de situações que poderão vir a ocorrer, pois ele existe apenas em potência, sem efeito real.
Essas realidades resultantes do acelerado progresso tecnológico e fortalecidas pela pandemia expuseram a importância do nosso tema, que se vincula com o tema da semana passada (869 – Você é “J” e “P”?), onde conclamamos a união dos Maçons Jovens e dos Maçons Provectos em direção às ações Justas e Perfeitas.
Partindo da compreensão de que diferenças não são divergências, nos debruçamos agora sobre a dinâmica dos trabalhos.
Analógico vem do adjetivo “análogo”, que significa “semelhante”; “parecido”; afim”, basicamente, “da mesma forma”.
Até antes da pandemia, os trabalhos maçônicos se desenrolavam da mesma forma, desde as reuniões até as ações fora do templo. Havia uma mecânica que, quando afinada, fazia a máquina funcionar. Porém, se alguma peça estava “empenada”, fora do prumo, toda a máquina emperrava. Gastava-se meia hora para a leitura do Balaústre permeado por troca de dezenas de elogios entre Irmãos da Loja; na Ordem do Dia, se discutia o cardápio da próxima festa e o resultado do Tronco às vezes correspondia a 10% do gasto na ágape, após a reunião. Quanto ao Quarto-de-Hora-de-Estudo, lhe sobrava o velho jargão: “Diante do adiantado da hora...”
O mundo de hoje exige trabalho dinâmico, ativo e ágil. Imagine o clássico filme “E o Vento Levou”, de 1939, com três horas e cinquenta e nove minutos de projeção! Pergunto: - Alguém pensaria em reunir sua Loja para esta projeção?
Precisamos, primeiramente, entender cada momento de uma Sessão Maçônica, a fim de que ela transcorra de forma salutar para os presentes e motivadora para as próximas.
O que chamamos de sistema digital de trabalho maçônico não tem relação com a ciência da computação, mas com a interconexão das partes e dos atores do processo. A alegoria maçônica que aqui tratamos se encontra na origem da palavra “digital”, de digitālis “referente ou semelhante aos dedos da mão”.
Uma mão é muito mais do que a somatória dos dedos. Ela é a habilidade individual de um dedo somada à capacidade de união das habilidades de cada outro dedo, formando o coletivo que demonstrará o poder de ação da mão.
Anteriormente, no “Período Analógico” acreditávamos que os trabalhos eram de inteira responsabilidade das Luzes e os méritos e deméritos recairiam sobre seus ombros.
Hoje, no “Período Digital”, Aprendizes, Companheiros, Mestres, Mestres Instalados, Oficiais, Dignidades, Luzes, são todos responsáveis pela boa dinâmica dos trabalhos.
ENTENDA A LOJA COMO UM RELÓGIO. NOS MODELOS ANALÓGICOS DESTACAM-SE TRÊS PONTEIROS RESPONSAVEIS POR MARCAR AS HORAS. SÃO RIGIDOS, TÊM SEMPRE A MESMA MARCHA, DEIXA NO AR UM SONÍFERO TIC-TAC E, À MEIA NOITE, UM ESTRONDOSO MARTELAR.
NOS RELÓGIOS DIGITAIS, AO CONTRÁRIO, NO REGISTRO DO TEMPO, CADA NUMERAL É COMPOSTO POR SETE SINAIS EM FORMA DE BARRAS LUMINOSAS, QUE VÃO SE INTERCALANDO HARMONIOSAMENTE, ACESO/APAGADO, SEM QUE ESTA ALTERNÂNCIA SIGNIFIQUE BÔNUS OU ÔNUS; MAS, SOMENTE A HARMONIA DO TEMPO CONTADO EM BARRAS.
INDIFERENTE DO LOCAL OU POSIÇÃO, TODOS OS OBREIROS/BARRAS SÃO, DE FORMA SILENCIOSA E ILUMINADORA, RESPONSÁVEIS PELO TRABALHO MAÇÔNICO.
Seguimos neste 16o ano de compartilhamento de instruções maçônicas, porque acreditamos fielmente que um mundo melhor se constrói pela qualificação do artífice. Precisamos nos reanimar permanentemente para o bom uso do malho e do cinzel.
Sinto muito, me perdoe, sou grato, te amo. Vamos em Frente!
Fraternalmente
Sérgio Quirino
Grão-Mestre - GLMMG 2021/2024
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