MEXEU COM UM, MEXEU COM TODOS !

23 de Outubro de 2022

Ano 16  Artigo 43  Número Sequencial 897   23 Outubro 2022


Saudações, estimado Irmão!

MEXEU COM UM, MEXEU COM TODOS!


Esta é a mentalidade que faz muitos povos entrarem em conflito.

Em 1202, cidadãos de toda a Europa caminharam até Veneza durante a Quarta Cruzada, afim de embarcarem para a Terra Santa para matar os infiéis Mouros, inspirados em preceitos religiosos de líderes, nem tão santos, com o intuito de fazer o que se julgava como certo.

Como faltaram recursos para alugar navios que os levassem a Jerusalém, fizeram um acordo com o então governante de Veneza, Enrico Dandolo. Ele financiaria a viagem se os soldados cristãos, antes de irem para a batalha contra os mulçumanos, lutassem ao seu lado contra o Rei Emérico, seu inimigo pessoal na cidade cristã de Zara.

Zara era um porto comercial na Croácia, cujos laços de amizade com Veneza iam bem até 1183 quando, por problemas sucessórios e comerciais, o Doge Enrico Dandolo, mesmo aos 95 anos de idade e suposta experiência de vida, ordenou saquear a cidade, num terrível derramamento de sangue e arregimentou os vizinhos para cortarem as cabeças dos irmãos, episódio conhecido na História do Cristianismo como “O Cerco de Zara”


Sim. Para matar Irmãos. Irmãos em Cristo, cidadãos de Zara, que não queriam guerra contra Enrico Dandolo, por entenderem que se tratava de uma questão pessoal. Mas o Doge foi implacável. - Se não está do nosso lado, cortem-lhes o pescoço.

Ao avistarem as tropas vindas de Veneza, os croatas se identificavam com o sinal da cruz, mostravam o Livro Sagrado, erguiam Crucifixos com símbolos de sua fraternidade, mas seus Irmãos cristãos vindos de Veneza ouviam apenas o comando: São espúrios!

O resultado foram vidas perdidas, famílias de cristãos que não podiam mais se reunir e a semente da discórdia plantada definitivamente gerou frutos que alimentaram muitas gerações, mesmo após a morte de Enrico Dandolo.

Mas, por que esta história?

Para provocar nos Irmãos a reflexão sobre a máxima de Aristóteles, proferida há mais de 2.500 anos:
 

O TODO É MAIOR QUE A SOMA DE SUAS PARTES.


Diante de eventuais conflitos maçônicos precisamos ser pontuais e cirúrgicos. Quando houver desarmonia entre Irmãos, a questão deve ser resolvida entre Irmãos.

Infelizmente, assistimos Lojas tomando partido em litígios pessoais. O Obreiro José das Couves, da Loja Terra é noivo de uma Irmã de Antônio Batata, que é Obreiro da Loja Amanhecer. O noivado termina e o Irmão Batata exige que o Venerável da Loja Terra expulse seu desafeto.

Não havendo nada que desabone seu Obreiro, a Loja nada faz. Mas o Batata, não satisfeito, inicia uma guerra pessoal e envolve seus Irmãos. Afinal, “Mexeu com um, mexeu com todos”.  Assim, as Lojas Terra e Amanhecer, mesmo estando no mesmo Oriente, se tornam inimigas e, com o passar dos anos, cristaliza-se o estigma da proibição de intervisitação.

Como resolver isto? Simples. Há uma Lei que todos nós conhecemos: Não podemos usar nosso avental em uma Loja onde se encontra alguém com quem estamos em desarmonia.
A depender de onde estamos, simplesmente nós nos retiramos ou pedimos para o outro se retirar. Um Irmão nunca terá valor maior do que o de uma Loja e uma Loja nunca poderá ser qualificada por conta de um Irmão.

No filme “Gladiador”, o Comandante dos Exércitos do Norte, Maximus Decimus Meridius, General das Legiões de Felix e Servo Leal do Imperador Marcus Aurelius, diz:
 

O QUE FAZEMOS NA VIDA ECOA POR TODA A ETERNIDADE”


Portanto, no ambiente da nossa Ordem, cada um tome sua batalha apenas para si. Lembremos que a nossa história construída hoje, nos colocará no panteão dos Pontífices ou dos Zoilos.
Seguimos neste ­16o ano de compartilhamento de instruções maçônicas, porque acreditamos fielmente que um mundo melhor se constrói pela qualificação do artífice. Precisamos nos reanimar permanentemente para o bom uso do malho e do cinzel.

Sinto muito, me perdoe, sou grato, te amo. Vamos em Frente!
 

Fraternalmente

Sérgio Quirino
Grão-Mestre - GLMMG 2021/2024

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