OH! QUÃO BOM E QUÃO SUAVE É QUE OS IRMÃO VIVAM EM ATARAXIA.

23 de Julho de 2023

Ano 17  Artigo 30  Número Sequencial 936   23 Julho 2023


Saudações, estimado Irmão!

OH! QUÃO BOM E QUÃO SUAVE É QUE OS IRMÃO VIVAM EM ATARAXIA.


Na verdade, é um desejo quixotesco. Bem característico de Dom Quixote, personagem romântico, ingênuo, às vezes lunático, por se desconectar da realidade para viver um sonho, uma ilusão ou um ideal.

Todavia há uma contradição. O personagem de Miguel de Cervantes era um nobre cavaleiro com rompantes de um ignorante plebeu. Se, por um lado, ele se explica – “Cada um é filho das suas obras” –, por outro ele se justifica: “O meu repouso é a batalha”.

 

O QUANTO HÁ DE DOM QUIXOTE EM NÓS?


Nós, Maçons, devemos pensar sobre isso. A essência da estória de Dom Quixote de La Mancha está no desejo de um homem em combater o bom combate, consertar o mundo ou, ao menos, torná-lo mais feliz. Porém nunca sozinho, tendo sempre um fiel companheiro.

O interessante é que a mola motriz para tão virtuoso propósito também o conduziu pelos caminhos tortuosos das ilusões aparentes, visto que ele criava sua verdade. Um exemplo claro foi quando atacou os moinhos de vento, por ver neles terríveis criaturas, prontas para atacá-lo.

Dom Quixote era um homem de meia idade que resolveu tornar-se cavaleiro andante depois de ler muitos romances de cavalaria. Lamentavelmente, o mesmo acontece entre nós!

Encontramos Irmãos tão bem letrados, que se incorporam Cavaleiros Templários, Ilustres Dignitários, Inspecionadores da ordem. E o pior de tudo: acreditam que são justos e perfeitos.

“À força de tanto ler e imaginar, fui me distanciando da realidade ao ponto de já não poder
distinguir em que dimensão vivo” – Dom Quixote.

É diante dessa realidade que devemos compreender que há tanto o que fazer em nós que não nos sobra tempo de palpitar acerca da lapidação do outro.

E para os que não conseguem visualizar a Ataraxia na Maçonaria, recordo-lhes que devemos vencer nossas paixões, submeter nossa vontade e reafirmar que a Serenidade não é um título conquistado em eleições, mas um estado construído quando se suspende o julgamento das coisas.

Todos os segmentos filosóficos procuram a tranquilidade mental, a concepção de Ataraxia como ausência de preocupações, que, quando nos lembramos das masmorras, interpretamos como a inexistência de paixões.

Na compreensão das paixões, devemos entender as mentais e as emocionais e resgatar nossa relação com os prazeres. Aprendemos que devemos gozar os prazeres da vida com moderação, mas por quê?
 
A resposta está nas máximas: É justo? É necessário? A Ataraxia como caminho para a felicidade requer apenas obedecer ao que, de fato, seja prazeroso, justo e necessário, descartando o resto, sem julgamentos, compreendendo que o mundo é perfeito em seu caminhar. Pode não ser como idealizo simplesmente por conta de minha torpe visão do outro.
 

QUE OS IRMÃOS VIVAM EM ATARAXIA, MOVIDOS PELA BOA VONTADE E
DIGNOS UNS COM OS OUTROS. MUDE O HOMEM, MUDARÁ O MUNDO.
 

Neste ­17o ano de compartilhamento de instruções maçônicas e provocações para o enlevo moral e ético dos Irmãos, permanecemos no nosso propósito maior de disponibilizar uma curta reflexão a ser discutida em Loja. O Ritual não pode ser delapidado. A Ritualística deve ser seguida integralmente. O Quarto-de-hora-de-estudo é fundamental em uma sessão Justa e Perfeita.

Sinto muito, me perdoe, sou grato, te amo. Vamos em Frente!
 

Fraternalmente

Sérgio Quirino
Grão-Mestre - GLMMG 2021/2024

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