Saudações, estimado Irmão!
A RÉGUA E O COMPASSO
Estamos tão acostumados com a expressão “O Esquadro e o Compasso” que o título acima pode ter passado despercebido por alguns; por outros, achando que se trata de um erro e, para a maioria, ter despertado a curiosidade.
Antes de adentrarmos no tema, aproveito para uma provocação à parte. No início de nossa história, éramos “Maçons Operativos”, homens que trabalhavam em obras de alvenaria. Em uma tradução livre, “Pedreiros Ativos” ou, de forma pomposa, “Alvanéis Laboriosos”.
Nossa atual denominação é “Maçons Especulativos”, que pode não soar bem, pois o sentido de especulativo abarca “teórico” e “abstrato”. O verbo especular, base de nosso adjetivo, quando transitivo indireto e intransitivo, indica o dedicam-se (as boas obras). Quando transitivo direto, expressa o estudar com atenção, detalhadamente; pesquisar, investigar. Nesse ponto, temos tido gratas surpresas, visto que os Irmãos têm demonstrado maturidade diante do que lhes é apresentado.
Em meados do século V antes de Cristo, dois filósofos, um na Grécia e outro na Índia, proclamaram:
“A dúvida é o princípio da sabedoria.” Aristóteles
“Duvide de tudo. Encontre sua própria luz.” Buda
Por isso, substituímos o Esquadro pela Régua, cuja principal missão é traçar uma linha reta, um caminho reto entre dois pontos. Sob a perspectiva alegórica, o uso da régua nos remete a aproximar, unir, “construir pontes”. Tal magnitude de sua missão a coloca como símbolo da perfeição. Nas artes, por mais abstratas que possam ser, haverá sempre um plano traçado pela régua.
Na Maçonaria, estudamos as Sete Artes Liberais (Lógica, Gramática, Retórica, Geometria, Astronomia, Música e Aritmética) e devemos ter sempre na mão mental uma régua. Logo, saberemos medir e traçar nossas especulações sobre a arte de viver.
A Régua nos protege de atitudes aventureiras, incoerentes, caprichosas, discordantes e obscuras. Assim como não há desvios em uma reta, nossa vida maçônica não pode se desviar da moral.
No tocante ao Compasso, para além de tudo o que já lemos e ouvimos, devemos visualizar sua ação como o pensamento que se manifesta pequeno, mas pode chegar às raias das reflexões salomônicas. Desse modo, milhares são os círculos de pertencimentos os quais podemos traçar aproximando ou afastando as hastes da Razão e da Emoção.
É na ação conjunta da Régua com o Compasso que vivenciamos a Sabedoria e a Justiça. No traçar e medir as linhas da vida, reafirmamos o valor da retidão Moral e a conduta que devemos ter e tomar a cada início de jornada.
Ao visualizarmos um ponto de partida e um ponto de chegada, realizamos a imagem mental de uma reta. Porém, nem sempre o percurso (a realização) pode ou deve ser medido por uma régua. Nem sempre a menor distância entre dois pontos é uma reta. Em outras palavras, não basta apenas acreditarmos que um movimento/ação contínuo, uniforme e com mesmo vetor resultará em alcançarmos o propósito.
Traçar realizações com o Compasso, em que parece que nos desviamos do objetivo final, faz com que adquiramos experiências diferentes, e novas trajetórias surgem naturalmente.
O CRIADOR, INDUBITAVELMENTE, É UM GEÔMETRA.
A VIDA É UM DESAFIO GEOMÉTRICO.
VIVER É MANDALIZAR-SE.
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