Saudações, estimado Irmão!
ORADOR.
Talvez a joia de cargo mais incompreendida seja a do Orador.
Como a maioria de nós adota o pensamento simplista de associar orador com oratória e oratória com “falar bonito”, a joia deveria ser, então, um púlpito em vez de um livro.
Contudo, não é um simples livro. Ele está aberto, e, de forma errônea, alguns Irmãos acham que ele está sobre algo fulgurante. Na verdade, a joia é um livro fulgurante. Em alguns Ritos, esse objeto recebe o nome de “Livro Rutilante”.
Portanto, é o livro em que há luz. Dessa forma, o Mestre Maçom, aquele que o carrega no peito, deve tornar claro – esclarecendo dúvidas e dissipando erros.
O ORADOR MAÇÔNICO NÃO É AQUELE QUE MUITO FALA,
MAS SIM O QUE MUITO LÊ, POIS É O GUARDIÃO DAS LEIS!
Se fosse para falar sempre, muito e a toda hora, não seria Orador, e sim Falador. É tão lógico que, ao ocupar este cargo, o Mestre Maçom deve abrir mão dos seus pontos pessoais e manifestar-se estritamente dentro dos princípios das Leis, Regras e Procedimentos Maçônicos. Alguns Ritos prescrevem que ele não participa das votações nas sessões.
Ele é o “Ministério Público” da Loja, incumbindo-se da defesa da ordem jurídica e ritualística, do regime fraterno e dos interesses coletivos e individuais. Ele é o quarto na hierarquia da Loja e, sozinho, pode abrir um processo contra qualquer Obreiro, Oficial, Dignidade e, mesmo, as Luzes.
Sua autoridade é reafirmada não pela eloquência de frases, mas pelo conteúdo das palavras. Observemos alguns detalhes do respeito que a ele devemos ter. Quem abre e fecha o Livro da Lei é um Past-Venerável. Porém, na impossibilidade, é o Orador, o qual, muitas vezes, não é um Mestre Instalado.
Havendo emendas ao Balaústre, o VM deve pedir opinião ao Orador antes de submetê-las à votação. As Leis do Grão-Mestre (decretos) chegam aos Irmãos pela voz do Orador.
O VM pode trabalhar a Ordem do Dia segundo sua planificação, porém quem faz as conclusões é o Orador, que pode e deve dar sustentação ou alertas legais sobre assuntos polêmicos.
E, por fim, cabe a ele solicitar que se proceda a iniciação de um candidato.
De fato, espera-se que o Orador não use seu conhecimento para discursos pomposos e vaidosos. Sua manifestação deve ser uma exposição metódica e imparcial a respeito do assunto tratado. Cabe a ele apresentar em linguagem compreensiva a todos, subsídios para a organização de ideias e fluidez de raciocínio dos Irmãos.
O filósofo grego Aristóteles ensinava que há quatro tipos de discursos, entre os quais apenas um tem valor maçônico. O Discurso Poético é aquele em que a certeza ou a veracidade pouco importam. Sendo assim, a razão é abandonada. No Discurso Retórico, não há o menor comprometimento na busca da verdade, visto que o orador quer apenas garantir que sua tese esteja certa.
No Discurso Dialético, tenta-se o possível esclarecimento, mediante teses e antíteses, em um misto que pode esclarecer ou confundir conforme as afirmações antagônicas.
Na Maçonaria, o pragmático é o Discurso Lógico, cujo único propósito é alcançar a resposta/resultado correto e indubitável.
Permitam-me uma alegoria: recordemos que o Trono de Salomão está colocado sobre o degrau da Verdade. Esse degrau é construído pelas tábuas da lei, e quem faz a manutenção é o Orador.
Neste 19º ano de compartilhamento dos artigos dominicais, reafirmo o desejo de independente de graus, cargos ou títulos, continuar servindo os Irmãos com propostas para o Quarto-de-Hora-de-Estudo. Uma lauda para leitura em 5 minutos e 10 minutos para as devidas complementações e salutares questionamentos.
O exíguo tempo é um exercício de objetividade e pragmatismo que visa otimizar os trabalhos e cumprir integralmente o ritual.
Convosco na Fé - Robur et Furor
Fraternalmente
Sérgio Quirino
Minas Gerais Shrine Club
|