HOSPITALEIRO

6 de Julho de 2025

Ano 19  Artigo 27  Número Sequencial 1.038   06 Julho 2025


Saudações, estimado Irmão!

HOSPITALEIRO.


Desculpem-me o bairrismo, mas um mineiro falar de hospitalidade é fácil dimais. Afinal, as montanhas de Minas Gerais nada mais são que braços que acolhem. Neblinas e serrações das manhãs têm aroma de cafezinho. A vermelhidão do crepúsculo é igual à brasa que assa o pão de queijo.

O Irmão Hospitaleiro deve ser como o mineiro: trabalhar em silêncio, sem ostentação nem publicidade, pois não pode haver vaidade no cumprimento de sua missão. A fala deve ser mansa, visto que as palavras de carinho soam melhor entre um sorriso. Seu ouvido deve estar atento, uma vez que o desespero e a necessidade, às vezes sem força, clamam por ajuda no grotão de uma alma distante.

Compreendemos hospitalidade como a disposição de receber e tratar as pessoas de maneira calorosa, amigável e generosa. Contudo, na primeira versão da Bíblia hebraica para o grego, essa palavra fora traduzida como philoxenia, em que o prefixo philo corresponde ao sentimento de confiança, afinidade, grande carinho. É AMAR ALGUÉM COMO A UM AMIGO OU UM IRMÃO.

Xenia, por sua vez, significa estrangeiro, no sentido de pessoa não conhecida. Dessa forma, devemos prestar aos estranhos o mesmo tipo de amor com o qual amamos amigos e parentes.

Há, todavia, alguns detalhes práticos aos quais precisamos estar atentos. O Irmão Hospitaleiro é o instrumento da Loja para suas ações junto ao próximo. Porém, algumas Lojas não se dão conta de que o próximo mais próximo é o Irmão da Loja.

Temos Aprendizes abandonados pelos padrinhos e que não se sentem acolhidos. Logo, ajudará sua permanência no Quadro da Loja se o Hospitaleiro o convidar para acompanhá-lo em uma visita. Da mesma forma, Companheiros e Mestres adoecem ou, ainda, não encontraram o esteio fraterno entre seus pares, e o Irmão Hospitaleiro ofertará seu caridoso coração. Deve ser por isso que a joia do cargo é uma bolsa com um coração – sede das emoções.

Ademais, apresentamos um ponto nevrálgico, com todo o carinho e respeito aos Irmãos e às Lojas que dedicam recursos financeiros, tempo e energia pessoal a atividades assistencialistas. Embora possa ser melindroso, antecipo desculpas, mas me aproprio do verso do Irmão Luiz Gonzaga, da música Vozes da seca, para o seguinte alerta:

Mas doutô uma esmola a um homem qui é são
Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão
 

A DOAÇÃO DEVE SER TRANSFORMADORA, E
NÃO MANTENEDORA DA SITUAÇÃO DE PEDINTE.


Quanto aos questionamentos a respeito da ausência do cargo em determinados Ritos, a resposta é simples: não tem o Obreiro, mas a Obra tem que ser feita. E a Maçonaria nunca esqueceu os Maçons necessitados, as viúvas e os órfãos a socorrer. Nossa ação pode receber o nome de solidariedade, filantropia ou beneficência. Seja qual for, é resultado da ação advinda da angústia de um coração maçônico bem-formado diante das necessidades sofridas, seja por quem for.

E, como o Livro Sagrado, o tratamos como Livro da Lei. Observemos, então, em Romanos, capítulo 12, versículo 13 (Versão Nova Bíblia Viva Português): “Quando os filhos de Deus estiverem em necessidade, sejam vocês os primeiros a ajudá-los. E criem o hábito de ser hospitaleiros.
 

Neste 19º ano de compartilhamento dos artigos dominicais, reafirmo o desejo de independente de graus, cargos ou títulos, continuar servindo os Irmãos com propostas para o Quarto-de-Hora-de-Estudo. Uma lauda para leitura em 5 minutos e 10 minutos para as devidas complementações e salutares questionamentos.
O exíguo tempo é um exercício de objetividade e pragmatismo que visa otimizar os trabalhos e cumprir integralmente o ritual.

Convosco na Fé - Robur et Furor

Fraternalmente

Sérgio Quirino
Minas Gerais Shrine Club

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